31 janeiro, 2007

GATO FEDORENTO VS MARCELO

O Vídeo

Notável! É um dos casos em que a ficção ultrapassa a realidade.
Ricardo Araújo Pereira faz de Marcelo Rebelo de Sousa... melhor do que o próprio.
10 valores.



Ricardo de Araújo Pereira

Ricardo de Araújo Pereira (nascido em 1974) é um humorista português.
Licenciou-se em Comunicação Social pela Universidade Católica Portuguesa, após o que trabalhou como jornalista do Jornal de Letras.
Argumentista da Produções Fictícias, é co-autor de Herman 98 e Herman 99 de Herman José (RTP), O Programa da Maria (SIC, 2001), Hermandifusão Portuguesa (RDP), Felizes para Sempre (Expresso), As Crónicas de José Estebes (Diário de Notícias), entre outros.
É um dos responsáveis pelo blog Gato Fedorento e pelo programa homónimo na RTP 1. É co-autor do livro O futebol É isto Mesmo (ou então é outra coisa completamente diferente) e do disco O disco do Benfiquista, naturalmente.
Para além de actor e argumentista no projecto Gato Fedorento, Ricardo Araújo Pereira é também cronista para a revista Visão tendo já sido publicada uma compilação das suas melhores crónicas.


Fonte: http://www.gatofedorento.web.pt/

30 janeiro, 2007

JORNALISMO



"A nova geração de jornalistas é de longe a mais reprimida, a mais abusada e a mais desiludida, geração de jornalistas de sempre incluindo as do tempo de ditadura (...) Nas redacções, nenhum editor, supondo que seria capaz, lhes ensina coisa alguma sobre Jornalismo: como deve ser investigada uma notícia, como deve ser redigida, como deve ser feito um título. Porque já não é de Jornalismo que se trata mas de simples compra e venda de títulos e de supostas notícias."

Miguel Sousa Tavares

"O Massacre do Jornalismo"
in Jornal Público 09/05/2003


Comentário:
É uma reflexão pertinente e verdadeira que reflecte em certa medida o estado actual da maior parte do jornalismo que se faz em Portugal. Não em geral, evidentemente, mas de uma forma muito alargada. Infelizmente. Para os jornalistas e para país.

António Esteves

SENSUAL SHOW

29 janeiro, 2007

CARNAVAL DE LOURES - As Maravilhas do Mundo

  • Fotos José Vicente






“AS MASTRONÇAS DO MOULIN ROUGE”

Este grupo é constituído apenas por homens – o maior entre os grupos organizados do país – que nestes dias fazem uma sátira a todas as belas mulheres de Portugal.
A origem remonta à década de 80, devido à vontade de algumas pessoas de fazerem qualquer coisa diferente, e tem passado de geração em geração - já há avós, pais e netos da mesma família a desfilarem no corso carnavalesco.
São mais de 70 “corpinhos Danone”, de fazer parar o trânsito, que personificam um modo diferente de brincar ao Carnaval. São por isso, uma das maiores atracções de um dos carnavais mais típicos do país.


As "Mastronças do Moulin Rouge" desfilam no Domingo e na Terça-Feira de Carnaval – com fatos completos e iguais -, e na Segunda-Feira saem para as ruas de Loures, cada uma mais mastronça que a outra, num desfile animado, pitoresco e muito sexy – no ano passado mereceram mesmo honras no Jornal da Noite da SIC e no Jornal Nacional da TVI.



"O Carnaval de Loures" é um dos mais antigos do nosso país, com uma longa tradição que remonta a 1934 e que se intensificou ao longo dos anos.
No entanto, por proposta de um deputado da então Assembleia Nacional nos idos anos de 40, o Carnaval de Loures foi proibido.
Ao longo dos anos fizeram-se diversas tentativas, frustradas, de reactivar o “Carnaval de Loures”, que somente em 1970 voltou a realizar-se, com corso ao domingo e terça-feira e o tradicional “Enterro do Entrudo” na quarta-feira de Cinzas.

Actualmente, o Carnaval de Loures, com 13 carros alegóricos e cerca de 1000 figurantes, é considerado um dos mais importantes da Área Metropolitana de Lisboa. Os festejos trazem às ruas de Loures milhares de pessoas, e ao longo do tempo tem assumido um papel de destaque na promoção do nosso Concelho.
Devido ao elevado padrão de qualidade que o “Carnaval Saloio de Loures” atingiu, desde 2006 que se encontra a colaborar connosco uma equipa de especialistas oriundos de Escolas de Samba do Rio de Janeiro, coordenados por um “Carnavalesco” que tem como função idealizar e conceber os figurinos e carros alegóricos.
Tendo em consideração que, em 2007, Portugal vai ser o “palco” para a eleição das novas “7 Maravilhas do Mundo”, a Associação do Carnaval de Loures resolveu homenagear esta iniciativa e escolheu como tema, para o “Carnaval Saloio de Loures” de 2007 “AS MARAVILHAS DO MUNDO”.



Programa dos Festejos Carnavalescos:

*Dia 17 Fevereiro 2007

- 21h30 – Recepção aos Reis do Carnaval Saloio de Loures 2007 Local: Largo 4 de Outubro - Loures

- 22h00 – Baile de Apresentação dos Reis do Carnaval Local: Pavilhão do Quartel dos Bombeiros Voluntários de Loures Duração: 4 horas

*Dia 18 Fevereiro 2007

- 14h30 – Desfile Carnavalesco com 13 carros alegóricos e cerca de 1000 figurantes Local: Principais ruas da Cidade de Loures Duração: 3 horas

*Dia 19 Fevereiro 2007

- 22h00 – Baile Trapalhão Local: Pavilhão do Quartel dos Bombeiros Voluntários de Loures Duração: 4 horas

*Dia 20 Fevereiro 2007

- 14h30 – Desfile Carnavalesco com 13 carros alegóricos e cerca de 1000 figurantes Local: Principais ruas da Cidade de Loures Duração: 3 horas

*Dia 21 Fevereiro 2007

- 21h30 – Cortejo fúnebre de Enterro do Carnaval Saloio de Loures 2006 Local: Principais ruas da Cidade de Loures Duração: 1.30 horas

- 23h00 – Leitura do Testamento do Rei Momo e Fogo de Artificio Local: Parque da Cidade - Loures Duração: 30 Minutos


CONTACTOS:

Carlos Baptista: 962348445
Joaquim Rosado: 965859965
Jorge Cego: 968033250
Telefone: 219832068
Fax: 219835962
Email:
geral@carnaval-loures.com
Internet:
http://www.carnaval-loures.com/

26 janeiro, 2007

ELSA RAPOSO - Exclusivo

O Vídeo de Elsa Raposo e Mário Esteves

CHARME

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Eu que gosto muito do Mário - ele sabe e pode confirmar - tenho que lhe lembrar que isso não se aplica só a elas. Cá em casa não. Mas percebo e concordo com a ideia geral, porque ainda há uns mariolas que se esqueceram que já estamos no Séc XXI. E umas senhoras que também não se lembram. Feitios...

NOVOS RADARES DE LISBOA

As multas só vão aparecer lá para Março mas convém começar a treinar a leveza do pé direito.
Ficam duas versões diferentes do que espera os mais aceleras.


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25 janeiro, 2007

OBRA PRIMEIRA




"Amar a Liberdade" - Acrílico sobre tela
António Esteves, Setembro 2006

CUIDADO JÚLIO!


O Desgraçadinho do Canta Por Mim

REBELDE


Navio de Cruzeiro Explorer of The Seas, ao largo de Miami
Novembro 2006

O FRACASSO DO AMOR

Foto Nunes de Freitas



Capítulo 13

Eu a andar devagarinho, a caminho da tua cama, e os teus olhos a comerem os meus passos com avidez. Baços e inchados, tal qual dois berlindes gastos de tantas brincadeiras. Os olhos. Os passos são pequenos e temerosos. Vou à espera de tudo mas não me sinto preparado para nada. O castanho comido pelo branco. Uma névoa estranha que se atravessa no teu olhar parado que não me deixa ver para dentro da tua alma.
O silêncio engoliu-me as palavras e não fui capaz. Nem de dizer que te amava nem de te entregar o raspanete que se atravessou na garganta já lá vão tantos anos. Abusas de quase tudo na vida e ele não te perdoa os desvarios. Somos imortais na juventude mas passamos a ser vulneráveis com o acumular dos anos. Já deves saber.
As palavras não saem e tu também não me podes ouvir. Sentes apenas, mas não vês quase nada. O meu rosto na tua face. As tuas lágrimas na minha pele. As minhas palavras entupidas pelo silêncio. Não te disse nada mas falámos tanto naquele instante. Não ouves mas sabes que te quero ao pé de mim. Vivo e fresco outra vez como as alfaces viçosas que vão secando com a tua ausência do quintal. Sentem a tua falta. Do teu carinho. Às vezes sinto ciúme das alfaces. Aos filhos regas menos vezes. O amor não sai das mangueiras mas deve jorrar dos corações, só temos de descobrir onde fica a torneira. E abri-la sem temor. Mas tu sentes-te mais à vontade com as verduras, que já sentem a tua falta.Voltarás? O médico deixa a resposta suspensa num talvez interminável que parece uma frase de mil palavras. Talvez resista... Talvez se safe... Talvez... Tantos ses encerrados numa cama tão pequena e num corpo minúsculo que parece incapaz de resistir. Quantas vezes te quis pedir para não desistires? Hoje, ontem e nos outros dias que já perdi a conta. Não me ouviste. Nunca ouves ninguém. Não me ouviste e agora estás entregue ao destino. Inerte e quase morto uma cama minúscula onde jaz um corpo que parece incapaz de voltar à vida. Voltarás? Melhor ou igual ao que tens sido nos últimos anos? Amargo e desiludido. Ansioso e deprimido. Foste tão doce e tranquilo, e deste nisso de repente.
Voltarás? Esperamos por ti. Apesar de tudo...

24 janeiro, 2007

A TABACARIA - Fernando Pessoa

Retrato Fernando Pessoa, Almada Negreiros, 1964



Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira.
Em que hei de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim…Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas
-Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?

Fernando Pessoa, 1914







O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim?
Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena;Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.
(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente
Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo

Desenho Júlio Pomar












E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeiraTalvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira.
Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Álvaro de Campos, 15-1-1928



Caricatura de Àlvaro de Campos, Vasco, 1990

16 janeiro, 2007

NOTÁVEL

Sguedno um etsduo da Uinvesriadde de Cmabgirde, a oderm das lertas nas pavralas não tem ipmortnacia qsuae nnhuema. O que ipmrtoa é que a prmiiera e a utlima lreta etsajem no lcoal cetro. De rseto, pdoe ler tduo sem gardnes dfiilcuddaes... Itso é prouqe o crebéro lê as pavralas cmoo um tdoo e nao lreta por lerta.

O FRACASSO DO AMOR


Foto Carlos Santos



Capítulo 12


Para mim és a mais linda. Não há pele assim. Sorriso rasgado e olhar penetrante. Não tens nada olheiras, não sejas parva. Quase não se nota. Claro que gosto do baton. É garrido mas fica-te bem. Andas e parece que deslizas. Perna longa e esguia. Danças e parece que voas. Meu pássaro lindo. Fosse permitido e comprava-te uma gaiola. Nunca mais de lá saías. Eras só minha. A minha passarinha. De mais ninguém.
Parece que ainda te estou a ver no primeiro dia. Eu deitado a fumar e tu, linda, a entrares sem bater. A porta estava aberta e tu não és de pedir. Avanças afoita, dás-te à morte em menos de nada, e o Whisky bebeu-o a colcha. Soube-me a pouco. Tu, não o Whisky, mas parecia a primeira vez. Uma estreia em grande sem ensaio geral. Um improviso sem público. Mas eu gostei. Aplaudi em silêncio e fiquei louco pelo regresso. Mas o destino é assim, imprevisto. Um homem descansado e a polícia a rondar. Nem tempo para os aprumos. Onde é que pus a merda das cuecas? Porra, estes gajos só aparecem onde ninguém os quer. Um gajo a derreter-se em impostos para isto. Bandidos nada, viste-os tu. Ranhosos.Vão mas é prender a puta que os pariu. Nome? Sei lá não a conheço. Ah, o meu. Luís. Luis quê? Olhe lá é mesmo preciso? Veio prender-me ou apresentar-se? Arronches, Luis Arronches. Idade? Muita. Sexo? O suficiente se não fosse interrompido. Tenho a mania que sou engraçado diz o puto, de peito feito a fiar-se no crachá. Mariola. Atrevido. Cabrão de merda. Não não tenho medo pá, ainda tu andavas de cueiros já eu vinha às putas. E nesses tempos é que era de arrepiar os cabelos do cú pá. Um perigo. Agora já não. E tu não gostas? Quando te faltar a tusa já não vale a pena. Venho muitas vezes venho. E venho-me algumas, mas nem sempre. Sabes, a verdade é que já não tenho mulher, mas ainda me sinto em grande. Podes prender-me, mas não te prometo nada. Cheira-me que voltarei sempre que puder. Sem medo.
A verdade senhor agente é que sem amor sinto-me a morrer, depressa. E não tenho mais ninguém. Um homem safa-se como pode. Vá, deixe-se de disso, vou-me embora e pronto. Era pior se andasse por aí aos miúdos, como esses cabrões dos pedófilos. Eu é mais miúdas, grandes e boas como as castanhas, docinhas, e esta vale a pena.
Olha o que te digo miúdo. Aproveita que não dura cá muito, estão sempre a mudá-las, aproveita.
A verdade senhor agente é que sem amor sinto-me a morrer, depressa. E não tenho mais ninguém. Um homem safa-se como pode. Vá, deixe-se disso, vou-me embora e pronto. Obrigado... Adeus boneca... até já. Tem que ser... não tenho mais ninguém.

CINEMA PARAÍSO





Um dos meus filmes favoritos.
Foi com ele que Giuseppe Tornatore ganhou o Grande Prémio do Júri, em Cannes, e conquistou o Óscar para o Melhor Filme Estrangeiro.
Título Original: Nuovo Cinema Paradiso.
Giuseppe Tornatore, era siciliano. Começou a fazer documentários para a RAI (Televisão estatal italiana) em 19974. Voltou a casa, em 1988, para fazer um dos melhores filmes de sempre. A história gira à volta da amizade entre Alfredo (Philippe Noiret), um projeccionista que acaba vítima da sua grande paixão cinematográfica, e Tótó (Salvatore Cascio), um menino ávido por aprender, que se encanta e sonha com a ajuda preciosa da magia do cinema.

IMPORTA-SE DE REPETIR?

Paulo Portas - 1993



Expresso

SEM PALAVRAS

15 janeiro, 2007

A COLHERADA


Praia dos Estudantes, Lagos



A COLHERADA é um movimento cívico que tenta sensibilizar para a construção massiva em zonas de reserva natural e em zonas de possível derrocada, a menos de 500 metros da costa.
Na tentativa de salvaguardar o que resta do Algarve virgem, A COLHERADA surge inicialmente no Barlavento, nomeadamente em Lagos.
Estas fotografias foram tiradas na Praia dos Estudantes, como forma de sustentar uma habitação privada, numa obra totalmente licenciada. Esta praia, constituía um dos já poucos locais paradisíacos de Lagos!
Com a continuidade da construção desenfreada sobre a falésia (arenosa e de fácil erosão), somos levados a pensar que daqui a poucos anos temos toda a costa lacobrigense com muros de betão similares ao aqui fotografado!
Esperemos que não!!!!!

(Texto da responsabilidade de A Colherada)

BOAS NOTÍCIAS... APESAR DE TUDO

Leucemia