26 maio, 2007

ONDE ESTÁ MADELEINE?




"A culpa nunca vai deixar-nos"
Gerry e Kate McCann


Quantas vezes a culpa já se colou aos corpos franzinos, hoje ainda mais fracos pelo desgaste de tanto desespero?
Quantas vezes é preciso chorar para largar as angústias e os arrependimentos, que poucos conhecem de perto, de verdade, mas quase todos sentem como seus?
Há preces que resultam, ou rezamos numa lotaria de esperanças que nem sempre nos dá o que merecemos?
As perguntas nascem, e morrem num quase nada que não dá tempo para respostas.
Os McCan já fizeram todas as perguntas. Uma de cada vez e todas ao mesmo tempo. O turbilhão de dúvidas envolve a razão num manto difuso de culpa e receio. Há um vazio imenso no lugar das respostas. Um espaço não preenchido pelas verdades que não se conhecem.
Quantas vezes chorou Maddie pelo colo de Kate e pelo abraço de Gerry? Onde dormiu na última vintena de noites, depois de acordar no sobressalto de uns braços desconhecidos? Ainda dorme, a menina do olhar que se fixou na nossa memória, ou já não é do mundo dos que contam histórias para adormecer?
O papão é de verdade. A história não é feliz.
Onde está Maddie?
Estará sempre nos sonos mal dormidos de pais em sobressalto, e no acordar ansioso de todos os que procuram na televisão a alegria de um reencontro.
O medo veio para ficar, porque Maddie não é apenas uma menina em fuga desamparada. É a culpa colectiva de quem não sabe, ou não pode, guardar as crianças como elas merecem. Longe do medo, e dos que não sabem quantas letras tem a palavra amor.
Onde está Maddie? A resposta pode chegar um dia, mas o medo...veio para ficar.

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